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Foto do escritorJorge Angrisano Santana

Carazo, o "Perigo Louro"

Atualizado: 25 de set. de 2021

La Coruña, 07abr04; Belo Horizonte, 18jul86


Carazo foi um “fora-de-série”, garante quem o viu jogar. Para a torida do Palestra, era o “Perigo Louro”; para os cronistas, um jogador cerebral; para os adversários, apenas um tormento. Sua postura tática antecipou a dos centroavantes Hidekguti, da Hungria de 54, e Tostão, do Brasil de 70.


Com a palavra as testemunhas oculares. Piorra, companheiro de equipe: “Carazo se aborrecia por não marcar muitos gols; na verdade, ele os preparava para nós... ” Nicolau Angrisano, torcedor: “Antes dos clássicos, Carazo ia à casa do Ninão combinar jogadas para surpreender os adversários.’”. Gotardo Dendi, atacante do Sudamaerica, do Uruguai, após um jogo contra um Combinado de Belo Horizonte, em 1931: “Dos locais, destaco o center-forward que joga com o cérebro; é excelente para a posição, faz o jogo do seu posto e ainda auxilia o center-half.” Estado de Minas em 21 de abril de 1931, depois de um Palestra x Guarany: “Carazo foi o melhor elemento em campo. Destacou-se completamente ante os 21 jogadores. Praticou um bom jogo de distribuição, atacou com impetuosidade a ainda conquistou pontos.” O mesmo jornal, em 15 de junho de 1931, comentando um Palestra x América: “Carazo! Carazo! Carazo! Com as suas jogadas eletrizantes, os seus passes maravilhosos, a sua inteligência invulgar, perfeito cavalheiro na prática do association, foi o homem que proporcionou à numerosa assistência os momentos de entusiasmo. Ele foi aplaudido delirantemente e com uma insistência poucas vezes notada em nossas canchas. Carazo bem que o mereceu, pois esteve simplesmente notável...”


Numa época em que os centroavantes ficavam plantados entre os beques, Carazo ficava dez metros atrás dos meias para distribuir as jogadas. Seu posicionamento complicava os beques, indecisos entre sair em seu encalço ou esperá-lo na entrada da área para o combate direto. Além disso, ele driblava bem e cumria à risca as funções táticas determninadas pelo treinador. Por isso, numa carreira de 25 anos só não foi goleiro e zagueiro por causa da baixa estatura.


Fernando Carazo Castro chegou a São Paulo, com os pais e os três irmãos, em 1907. Em 1914, começou a jogar no Wandekok, time da sua rua. Depois foi para o Itapira, mas, por ser muito novo, virou roupeiro e só jogava na ausência de algum titular. Aos 15 anos, transferiu-se para o Antártica, onde o Palestra paulista foi buscá-lo, em 25, para ser reserva de Imparato e conquistar o título paulista de 26.


Em 1928, Carazo chegou a Belo Horizonte (junto com Morganti, Osti, Morgantinho e Arnaldo), trazido pelo presidente Américo Gasparini. Sua entrada no time foi demorada, porque os rivais do Palestra tentaram impugnar a transferência concedida pela APEA, a liga que dirigia o futebol de São Paulo. Mesmo assim, ele participou do título de 28, jogando em todas as posições da linha média e do ataque.


Nas temporadas de 29 e 30, fixado como centroavante, cumpriu duas funções aparentemente contraditórias: armar as jogadas de ataque e combater a aramação das jogadas do time adversário. Para os amigos, um esforço desses só era possível por causa de seu apetite voraz.


No Diário da Tarde, o cronista Malagueta contou um caso que revela de onde Carazo tirava tanta energia: “O Palestra paulista inovou, adotando um cardápio balanceado. ‘Não me acostumei com aquilo e num jogo com o Corinthians, lá pelos 30 minutos, faminto, pedi ao juiz para sair de campo. No vestiário desabafei com o treinador: Assim não há tatu que agüente; ou vocês me dão o que comer, ou acabo morrendo em campo!’”. Mandaram vir do bar do estádio um cesto com pastéis e sanduíches. Depois de devorar a matula, o craque voltou ao jogo. Ele jogava com o cérebro, mas não se descuidava do estômago.


Carazo jogou 122 partidas e marcou 43 gols pelo Palestra. Foi campeão mineiro em 28, 29, 30, transferiu-se para o Villa Nova por quem foi campeão em 32, voltou ao Palestra paulista e ganhou o estadual e o Rio-São Paulo de 1933. Em 36, retornou ao Palestra mineiro e, no ano seguinte, foi vice-campeão estadual pelo Villa. Em sua última passagem pelo Barro Preto (1938 a 42) foi campeão de 40. Em 1944, ele encerrou a carreira jogando pelo Metalusina, de Barão de Cocais, onde se aborrecia com sos companheiros: “Eles se matam em campo contra o Cruzeiro e fazem corpo-mole contra o Atlético; cansei dessa palhaçad e resilvi parar”


Sua paixão pelo Palestra era radical. O ponta Nogueirinha lembra-se da decisão do campeonato de 40 quando a torcida do Atlético começou a jogar bombas no gramado tentando “melar” o jogo. Carazo foi até o alambrado e berrou com seu indefectível sotaque: “Non adianta de nada, non adianta nem jogar esses rojons que meu Palestra non perde esse jogo de jeito nenhum” E não perdeu mesmo. No final, o placar do campo do América registrava Palestra 2 x 0 Atlético. Seria o último título dele e do Palestra. Uma apoteose digna de um dos maiores jogadores da história do futebol mineiro.

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joaochiabi
joaochiabi
24. 9. 2021

Os unicos que viram Carazo jogar foram Damasceno e Jorge Santana que completarão 100 anos em 2024... os verdadeiros crsques do TRI CAMPEONATO de 28, 29 e 30 eram os irmãos Fantoni.

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26ª RODADA => serrinha goiás 1-2 vila - baena remo 1–0 náutico - bauer brusque 0–1 vasco ----- café londrina 1–0 vitória ----- batista confiança 1–0 operário ----- sáb pelé 18:30 crb – avaí ----- sab couto 21:00 coritiba – guarani ----- dom independência 16:00 cruzeiro – csa ----- dom lucarelli 18:15 ponte - brasil ----- dom engenhão 18:15 botafogo – sampaio.

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CLASSIFICAÇÃO 26ª => 01coritiba49 ----- 02goiás45 ----- 03botafogo44 ----- 04crb44 ----- 05guarani41 ----- 06avaí40 ----- 07vasco37 ----- 08sampaio36 ----- 09remo36 ----- 10csa35 ----- 11náutico35 ----- 12operário34 ----- 13cruzeiro31 ----- 14vila30 ----- 15brusque29 ----- 16ponte29 ---- 17londrina27 ----- 18vitória25 ----- 19confiança21 ----- 20brasil16

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FÁBIO, goleiro: "Não adianta a gente ficar pensando nas dificuldades a longo prazo e, sim, vivenciar o melhor dentro de cada jogo. Quando tiver a oportunidade de jogar, buscar a vitória pra diminuir essa distância do G4 e aumentar a nossa confiança e a do nosso torcedor. Quem ama o Cruzeiro acredita desde o início, não deixa de acreditar enquanto tiver a possibilidade. Por isso, estamos aqui. Se fosse pelas coisas negativas que passaram nessa temporada também, quem não é torcedor já tinha se desiludido e não estava apoiando o time como vem apoiando ao longo do restante da temporada".

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ÓTIMA VITÓRIA do Suv209 celeste sobre o rival citadino. Estamos bem de Vitor, Tanti o Leque quanto o Roque, parecem que vingarão. Sub17 e Sub20 tiveram jogos grandes, no meio da semana (franga e urubu) e o site do Clube esconde. Domingo tem Cruzeiro x Palmeiras, 16h, ao vivo, na Band. Se o Sub20 vencer, poderá ficar entre os oito que cão se classificar para os pleiofes. (BINLADEN GALVÃO)

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