PARA LUIZ FELIPE SCOLARI
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Francisco Escorsim
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Eu não devia te dizer
Mas essa Lua
Mas esse conhaque
Botam a gente comovido como o diabo
(trecho do Poema de Sete Faces, de Carlos Drummond de Andrade)
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Tenho desses momentos. Quando a comoção não cabe dentro e transborda em palavras. Boas ou ruins, não importa, tampouco se delas me arrependerei; é preciso dizê-las. Ao fim da tarde de domingo passado, depois de o Athletico vencer com folga o Botafogo na despedida como técnico de futebol de Luiz Felipe Scolari, fiquei a acompanhar o treinador pelo gramado. Abraçou um por um dos jogadores e quem mais o procurou, participou da comemoração de canto e gestos da torcida, puxou a volta olímpica, despedindo-se. Despedindo-se... Não se deu conta da magnitude do evento? Felipão se aposentou. Ainda não? Compreendo se não gostar de futebol, mas, se o acompanha, ainda que minimamente, não tem como não saber quão importante ele foi e sempre será.
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Não fôssemos um país de ressentidos e invejosos, estaríamos inundados de homenagens e reportagens sobre sua vida e carreira. Mas, tirando as notícias protocolares informando da sua parada, foi como se nada de mais tivesse acontecido. E aconteceu. É o treinador mais vitorioso da nossa história, um dos maiores do mundo também. Era para ser feito um minuto de aplausos em todos os jogos em território nacional.
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Quando Felipão finalizava a volta olímpica, passando próximo de onde fico, lembrei do que ele disse em entrevista a Cleber Machado, dez anos depois da conquista do pentacampeonato mundial com a seleção. Contou que, ao término da final contra a Alemanha, pensou no pai, que nunca gostou da decisão dele de ter entrado para o mundo do futebol, primeiro como jogador. Não que tivesse algo mal resolvido com o pai já falecido, mas você sente no que não é dito a dor pela ausência do aplauso paterno.
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Em outra entrevista, ao canal The Coaches’ Voice, há uns três anos, perguntado qual conselho daria ao jovem que começava no futebol, respondeu: “Seguisse o instinto que teve quando começou na carreira esportiva... porque não foi errado”. Não sei o que se passava na cabeça de Felipão no momento do adeus na Arena, se lembrava do pai ou não, mas sua expressão de paz de espírito, alegria e gratidão me comoveu. Era como se dissesse, com amor sem rancor: “Tá vendo, pai, como deu certo?”
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Estava com meu primogênito, parceiro o ano todo. Se estava lá, era por causa dele, que me fez retornar com frequência ao estádio, onde mal perdemos um jogo neste ano, fazendo-me retomar o amor de infância, quando o Athletico me obrigava a frequentar os Pinheirões da vida, levado pelo meu bom pai, que, apesar de coxa, me amava mais.
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E pensando no que era o Athletico e no que está se tornando, ver Felipão ali, não como uma exceção, jogada de marketing ou tiro de misericórdia, mas como consequência natural da grandeza conquistada, minha gratidão transbordava, simbolizada na despedida humilde e tão grata quanto dos maiores da nossa história. Não tinha como explicar ao meu filho o que sentia, por que aquele momento era tão importante, mas deixo aqui uma tentativa. “Tá vendo, filho, como deu certo?”
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Dizem que foi Arrigo Sacchi quem disse que o futebol é a coisa mais importante dentre as menos importantes. Talvez seja, seu Arrigo, talvez seja, mas que bota a gente comovido como o diabo, ah, bota. Obrigado por tanto, Felipão.
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GAZETA DO POVO
DOUGLAS BOREL, lateral direito de 20 anos do Bahia. Douglas do Espírito Santo Torres nasceu em Camaçari-BA, em 30Mar02. 1,78m. Chegou ao Esquadrão de Aço com 12 anos e passou por todas as categorias de base. Estreou no profissional em 2019, na goleada por 7 a 1 sobre a Juazeirense. Após o estadual, foi integrado ao Sub-20 e foi titular na campanha que culminou no vice-campeonato da Copa do Brasil da categoria, em 2020. Foi uma das revelações da Série B, com um ótimo início de campeonato. Esbanjou força física, velocidade, inclusive marcando gol. Com o desenrolar da competição, sua produtividade caiu, foi parar no banco e reservas, mas permanece como uma promessa em sua posição.
MATHEUSINHO, lateral direito de 24 anos, do Sampaio Corrêa. Matheus Silva Duarte nasceu em 07Out98. 1,75 m. Titular desde 19Jan22, tem contrato até 30Nov22. Lateral ofensivo, participou de 11% dos gols. Fez um primeiro turno exuberante e um returno também irrepreensível. Ao lado de Pimentinha e Poveda, formou o trio dos melhores jogadores do surpreendente quinto colocado do torneio.
NICOLAS, lateral esquerdo de 25 anos do Grêmio. Nicolas Vichiatto da Silva nasceu em 24Fev97, em Arapongas, PR. 1,81 m. Joga também como meia esquerda, revelado pelo Paranaense, em 2012. Carreira profissional: Paranaense; Ponte Preta, Goianiense e Grêmio. Estreou como profissional em 22Jun16, Chape 0x0 CAP. Tomou a posição de Diogo Barbosa por insistência da torcida gremista e se tornou o melhor jogador da sua equipe no torneio, com boa técnica, fôlego e disposição para atacar.
GEOVANE JESUS, lateral direito e beque de 21 anos, do Cruzeiro. Geovane de Jesus Rocha nasceu em 31Jul01, em Riacho de Santana, BA. 1,81m, formado na base. Estreou no profissional em 25Abr21, num Cruzeiro 4x0 Patrocinense. Fim de contrato: 31Dez25. No início da temporada 2021 foi integrado ao elenco principal. No início de maio sofreu uma lesão na coxa e ficou 2 meses sem poder atuar. Por causa do afastamente, acabou perdendo espaço no no time principal. Seu contrato foi renovado por duas vezes, até 2025. Mostrou força física, qualidade técnica e disposição para atacar. Marcou e serviu para gols decisivos em alguns jogos.
Felipão um vencedor nato do futebol, pode não ser adepto de um futebol vistoso como os brasileiros gostam, mas o currículo do homem não é brincadeira, muitos pegam no seu pé pelo 7X1, atitude covarde.