Rei do Futebol
- Jorge Angrisano Santana
- 30 de dez. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 2 de jan. de 2023
NELSON RODRIGUES
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Depois do jogo América x Santos, seria um crime não fazer de Pelé o meu personagem da semana. Grande figura, que o meu confrade [Albert] Laurence chama de "o Domingos da Guia do ataque". Examino a ficha de Pelé e tomo um susto: dezessete anos! Há certas idades que são aberrantes, inverossimeis. Uma delas é a de Pelé. Eu, com mais de quarenta, custo a crer que alguém possa ter dezessete anos, jamais. Pois bem: verdadeiro garoto, o meu personagem anda em campo com uma dessas autoridades irresistíveis e fatais. Dir-se-ia um rei, não sei se Lear, se imperador Jones, se etiope. Racialmente perfeito, do seu peito parecem pender mantos invisiveis. Em suma: ponham-no em qualquer rancho e a sua majestade dinástica há de ofuscar toda a corte em derredor.
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O que nós chamamos de realeza é, acima de tudo, um estado de alma. E Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: a de se sentir rei, da cabeça aos pés. Quando ele apanha a bola e dribla um adversário, é como quem enxota, quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento. E o meu personagem tem uma tal sensação de superioridade que não faz cerimônias. Já lhe perguntaram: "Quem é o maior meia do mundo?" Ele respondeu, com a ênfase das certezas eternas: "Eu." Insistiram: "Qual é o maior ponta do mundo?" E Pelé: "Eu." Em outro qualquer, esse desplante faria rir ou sorrir. Mas o fabuloso craque põe no que diz uma tal carga de convicção que ninguém reage, e todos passam a admitir que ele seja, realmente, o maior de todas as posições. Nas pontas, nas meias e no centro, há de ser o mesmo, isto é, o incomparável Pelé.
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Vejam o que ele fez, outro dia, no já referido América x Santos. Enfiou, e quase sempre pelo esforço pessoal, quatro gols em Pompeia. Sozinho, liquidou a partida, liquidou o América, monopolizou o placar. Ao meu lado, um americano doente estrebuchava: "Vá jogar bem assim no diabo que o carregue!" De certa feita, foi até desmoralizante. Ainda no primeiro tempo, ele recebe o couro no meio do campo. Outro qualquer teria despachado. Pelé, não. Olha para a frente, e o caminho até o gol está entupido de adversários. Mas o homem resolve fazer tudo sozinho. Dribla o primeiro e o segundo. Vem-lhe ao encalço, ferozmente, o terceiro, que Pelé corta sensacionalmente. Numa palavra: sem passar a ninguém e sem ajuda de ninguém, ele promoveu a destruição minuciosa e sádica da defesa rubra. Até que chegou um momento em que não havia mais ninguém para driblar. Não existia uma defesa. Ou por outra: a defesa estava indefesa. E, então, livre na área inimiga, Pelé achou que era demais driblar Pompeia e encaçapou de maneira genial e inapelável.
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Ora, para fazer um gol assim não basta apenas o simples e puro futebol. É preciso algo mais, ou seja, essa plenitude de confiança, de certeza, de otimismo que faz de Pelé o craque imbatível. Quero crer que a sua maior virtude é, justamente, a imodéstia absoluta. Põe-se por cima de tudo e de todos. E acaba intimidando a própria bola, que vem aos seus pés com uma lambida docilidade de cadelinha. Hoje, até uma cambaxirra sabe que Pelé é imprescindível na formação de qualquer escrete. Na Suécia, ele não tremerá de ninguém. Há de olhar os húngaros, os ingleses, os russos de alto a baixo. Não se inferiorizará diante de ninguém. E é dessa atitude viril e, mesmo, insolente, que precisamos. Sim, amigos: aposto minha cabeça como Pelé vai achar todos os nossos adversários uns pernas de pau.
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Por que perdemos, na Suiça, para a Hungria? Examinem a fotografia de um e outro time entrando em campo. Enquanto os húngaros erguem o rosto, olham duro, empinam o peito, nós baixamos a cabeça e quase babamos de humildade. Esse flagrante, por si só, antecipa e elucida a derrota. Com Pelé no time, e outros como ele, ninguém irá para a Suécia com a alma dos vira- latas. Os outros é que tremerão diante de nós.
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A famosa crônica de Nelson Rodrigues, em que pela primeira vez alguém se referia a Pelé como REI.. Foi escrita em março de 1958, três meses ANTES da primeira Copa conquistada pelo Brasil. ; Meu personagem da semana
Nelson Rodrigues. 08/03/58
Pelé, o Rei do Futebol, morre aos 82 anos
29/12/2022 às 16:17 | Assessoria CBF
Tricampeão mundial pela Seleção Brasileira, a Majestade da Bola faleceu nesta quinta-feira em São Paulo; CBF decreta luto de sete dias
Pelé eterno
Pelé eterno
Créditos: CBF
O maior ídolo do futebol mundial morreu nesta quinta-feira (29), em São Paulo. Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, 82 anos, faleceu no Hospital Albert Einstein. O Rei do Futebol foi diagnosticado em 2021 com um câncer no cólon e teve o óbito confirmado nesta tarde em decorrência do problema, com múltipla falência dos órgãos.
A morte do ídolo é a mais triste notícia informada pela CBF desde a sua fundação há 108 anos. Por causa da morte…
Jogos do Cruzeiro na 1ª fase da Copa São Paulo, todos com transmissão do Sportv:
02/01: Cruzeiro x Comercial-MS (15h)
05/01: Cruzeiro x Capivariano (15h)
08/01: Cruzeiro x Penapolense (10:45h)
Pelé foi um et, muito acima de gênio. Um dos nomes mais conhecidos no planeta. Deus o tenha.
RAFA SILVA, atacante de 30 anos, está próximo de deixar o Cruzeiro. Em recuperação da cirurgia no tendão do joelho direito, o jogador tem proposta do Jeonbuk Motors, vice-campeão da K-League 1 (Primeira Divisão da Coreia do Sul) e situação encaminhada para assinar contrato.
Rafa Silva, com 30 anos, é aguardado na Coreia do Sul na próxima semana. Ele será reavaliado pelos médicos do Jeonbuk, por causa das lesões, e aí sim vai assinar contrato. O tempo de vínculo é ainda discutido entre as partes.
O atacante estava em trabalho de recuperação da cirurgia no tendão do joelho direito em Curitiba e não se apresentou ao Cruzeiro para o início de pré-temporada (com adesão do clube). Sua continuidade no time…
NOVA POLÍTICA SALARIAL DA BASE DO CRUZEIRO. Em 2022 o clube implantou uma política de gestão, com mudanças e readequações financeiras, tanto no profissional, quanto na base. Roberto Braga, diretor executivo das categorias de base, revelou que, só no Sub20, houve economia de R$ 3 milhões na folha de pagamento.
- Quando a gente chegou, havia uma categoria Sub18. Só no Sub20, nós rescindimos com mais de 30 pessoas. Fizemos muitos cortes. Só no Sub20, economizamos R$ 3 milhões, só com folha, sem contar outras despesas do setor.
O Cruzeiro chegou a ter mais de três times de atletas de Sub20. Mudanças drásticas e rescisões foram necessárias. - Tínhamos jogadores com contrato longo e salários altos e projeção mediana o…