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Foto do escritorJorge Angrisano Santana

Um outro jeito dw olhar

TRANSFIGURAÇÃO

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Gisele Bicalho

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Discordo de quem afirme que é perda de tempo ficar por horas navegando por esse mundão cibernético. Obviamente, há que ser seletivo, pois nem tudo que reluz é ouro. Por falar em ouro, garimpei há tempos um texto memorável (aliás, todos da safra dele são assim) do Eduardo Machado. E que, por sinal, é bem adequado para essa época do ano.

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Nesse texto, o autor trata da transfiguração. Para isso, recorre a um recorte do Evangelho: “Naquele tempo, Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha para rezar. Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência” …

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E é a partir dessa citação bíblica que Machado nos conduz pela simbologia contida no tempo da Quaresma, que, segundo ele, nos faz vários convites. Um deles é a oportunidade de ir além das aparências, o conhecido “buscar o sentido das coisas”.

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Em um dos meus escritos recentes falei sobre isso. Para muitos de nós, Quaresma, Semana Santa têm cheiro e sabor. Remetem a ovos de Páscoa, a peixe e bacalhau, no nosso caso, ao Cundito. Muitos aproveitam para perder peso e aí se abstêm, mesmo que seja só por um curto período, de beber cerveja, tomar sorvete e de comer chocolate. Sacrifício que, graças a Deus, termina no sábado. Aleluia!!! De volta ao mundo real. E o sentido das coisas?

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Machado nos dá a resposta sobre o outro lado da moeda que, acreditem, passa longe do nosso jeitinho brasileiro, da conhecida “Lei de Gerson”, aquela de querer levar vantagem em tudo. Segundo o professor, “a vida interior, a oração, os silêncios, a solidariedade com os necessitados, a conversão pessoal, práticas propostas pela Igreja neste tempo da quaresma, nos ajudam a ver além, buscar o significado mais profundo das palavras, dos gestos, vislumbrando o mistério que mora nas coisas.”

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Voltando ao Evangelho, no caso de Machado a “mudança de aparência” tem a ver com a sua vivência e com a leitura de Santo Inácio de Loyola, na convivência com os jesuítas, com as irmãs Filhas de Jesus e com a sua a família, na cozinha da sua casa, lugar onde a mãe “exercitava a sua ternura culinária”. Machado cita ainda a poesia – “a janela para a contemplação da beleza que está por aí, surpreendente” – e os livros, outra fonte inspiradora.

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Um deles, “Tempus fugit”, de Rubem Alves, narra a história de uma paciente que estava em terapia e teve uma experiência surpreendente ao observar uma simples cebola. A mulher se sentiu perplexa ao perceber que aquele momento comum se tornou algo extraordinário. Como algo tão banal como cortar uma cebola poderia se transformar em algo tão significativo? Foi exatamente isso que aconteceu. Da tarefa banal, doméstica e repetitiva, brotou a possibilidade do permanente. Do cheiro característico, marcante, de uma cebola cortada, numa ação limitada e limitante, fluíram aromas de eternidade.

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A cena descrita no capítulo “Estou ficando louca…”, diz mais ou menos assim: … “Olhei para a sua forma arredondada, senti a lisura de sua pele sob meus dedos, vi seus anéis circulares, perfeitos, encaixados uns dentro dos outros, surpreendi-me com sua quase transparência, a luz se fragmentando em centenas de pontos em sua superfície brilhante (…)”

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Para Machado, a paciente de Rubem Alves não está descrevendo apenas uma cebola, mas um modo diferente de olhar. “A cebola continua lá, no seu destino cebolístico de ser sempre uma cebola. Mas os olhos que veem para além da banalidade das coisas, quando percebem que têm suas raízes na alma, provocam uma transfiguração”.

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E ela continua: “Pela primeira vez na vida vi que uma cebola era bonita. Se fosse pintora, pintaria uma cebola. Se fosse fotógrafa, fotografaria uma cebola. Minha cebola deixara de seu uma criatura do sacolão, à mercê de facas e maxilares, e aparecia como criatura encantada, moradora do mundo da beleza, ao lado de joias e de obras de arte…

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Ao acordar deste transe místico, em que vi a rodela de cebola como se fosse o vitral de uma catedral gótica, fiquei assustada. Que coisa estranha deveria estar acontecendo como os meus olhos? Que transformação incomum deveria ter acontecido comigo mesma? (…) o que aconteceu com a cebola começou a acontecer com tudo. Meus olhos já não eram os mesmos (…)”

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Dito isso, Machado nos convida a orar. “A oração abre em nós, não os olhos, mas um outro jeito de olhar. E somos afetados no mais profundo de nós mesmos”.

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E afirma: “É possível e preciso rezar com os sentidos; ver, ouvir, tocar, aspirar e saborear espiritualmente as coisas e pessoas que nos rodeiam e, pelo afeto, invadem. E, afetados, percebemos que, para além da cena previsível, do objeto e até das pessoas banalizadas, coisificadas, há o toque do sagrado que muda o rumo da vida, que dá sentido à loucura de viver, que encontra o amor preciso e possível nas situações mais improváveis.

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A oração ensina o olhar a amar. E o que os olhos amam e rezam o coração sente e pede a gente pra viver”.

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Viva Eduardo Machado! Volte logo do seu tempo sabático. Estou SENTINDO a sua falta.

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OIS GAROTOS NA TOCA II ... o primeiro dia de treinamentos antes da final do Campeonato Mineiro, o Cruzeiro contou com as presenças de duas joias da base na Toca da Raposa II, em Belo Horizonte. Participaram da atividade o goleiro Otávio e o meia Gui Meira, de 18 e 19 anos, respectivamente.\\

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Vale ressaltar que Otávio e Gui Meira foram fundamentais na campanha do vice do Cruzeiro na última edição da Copa São Paulo de Futebol Júnior. O arqueiro foi titular absoluto e um dos destaques da equipe na competição. Já o armador foi o artilheiro do time, ao lado de Fernando, com quatro gols, além de ter anotado três assistências.

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Em 6 de fevereiro, Otávio viajou…

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MARATONA... O Cruzeiro terá oito jogos nos próximos 30 dias. Além da final do Estadual, terá as estreias na Copa Sul-Americana e também no Campeonato Brasileiro.


Depois do primeiro compromisso diante do Atlético, a Raposa volta as atenções para a Copa Sul-Americana. O jogo que marca o retorno do time azul às competições continentais será na quinta-feira, dia 4, contra a Universidad Católica-EQU, em Quito.


A equipe volta a enfrentar o Atlético no domingo, dia 7, pela grande decisão do estadual. O jogo do título terá o Mineirão, em Belo Horizonte, como palco. Na sequência, o Cruzeiro enfrenta Alianza FC-COL, Botafogo e Fortaleza (Brasileirão).

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DIRETOR DE PLANEJAMENTO... Dois meses após a saída de Alexandre Cobra, o Cruzeiro tem um novo profissional para trabalhar como diretor de planejamento e estratégia da SAF. Trata-se de Thiago Lopes Lima, que iniciou as atividades na Toca em março.;

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Thiago foi escolhido para o cargo após passar por um processo seletivo. A área é considerada entre os pilares do clube. Antecessor dele, Alexandre Cobra foi um dos líderes no processo de aprovação da Recuperação Judicial e deixou o clube para trabalhar em uma empresa varejista.

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administração e negócios, construindo carreira em diferentes mercados. Thiago passou pelas áreas de mineração e financeira, mas sempre focado em planejamento e estratégia. Em uma rede social, Thiago anunciou o início dos…

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O desgaste militar

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Rodrigo Constantino

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Quando fui convidado para escrever este artigo para a revista do Clube Militar, no aniversário do contragolpe de 1964, questionei se haveria total liberdade para traçar um paralelo com os dias atuais. Como o leitor está diante do artigo, está claro que houve concordância. E é exatamente o que pretendo fazer nas próximas linhas.

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Já escrevi textos sobre o contexto de 1964, mostrando que havia o clima da Guerra Fria, que os verdadeiros golpistas eram os comunistas, treinados em Cuba e financiados por Moscou. O próprio Fernando Gabeira já admitiu que a esquerda não lutava por democracia alguma naquela época, e alguns confessavam que o “golpe” viria de um dos…

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